terça-feira, 28 de julho de 2009

PONTUAÇÃO

Abrir parênteses


Não é de hoje que professores de português não se entendem em relação ao uso dos parênteses. Muitas vezes, a orientação é que, se errou e não pode apagar, o aluno deve pôr entre parênteses a palavra ou expressão errada. Essa recomendação não tem sentido porque os parênteses não têm essa função. Pode até ser mais cômodo, mas não há nada que justifique isso. O que acontece é que, ao usar os parênteses, o autor da mensagem está afirmando que a palavra ou a expressão contida neles é acessória, isto é, não faz falta. Trata-se, geralmente, de uma explicação, de uma reflexão, de um comentário ou de uma observação. Para esclarecer, vejamos um fragmento de texto escrito pelo jornalista Fernando Rodrigues, em seu blog: Para saber se é verdadeiro o tal documento (tem muito jeito de ser...), é necessário que apareça o original. Segundo o empresário Sebastião Buani (o dono do restaurante e pagador confesso do mensalinho), o original teria ficado com Severino... Então... Nota-se, nesse caso, que o jornalista recorreu por duas vezes aos parênteses. Na primeira ocorrência, há um comentário; na segunda, uma explicação. A questão não termina por aí. Há muitas dúvidas, quando o assunto é a pontuação. O ponto fica fora ou dentro dos parênteses? Essa é a pergunta que não se cala. Quem quer usá-los deve considerar a intencionalidade do que vai escrever, pois o ponto ficará fora quando a expressão encerrada nos parênteses fizer parte da oração. Vamos mais uma vez ao texto do já citado jornalista: Argumento dos severinistas: é falso o documento que teria sido assinado por Severino Cavalcanti (autorizando a prorrogação de um contrato da Câmara com um restaurante). Há possibilidade de o ponto ficar dentro dos parênteses: quando estes englobarem toda a oração. Observemos: O bom atacante visa ao gol em todos os instantes. (Acredita em todas as jogadas.) É muito importante ter atenção ao usar os parênteses. (Eles exigem um cuidado especial!)
Quando se fala em pontuação, é comum ocorrerem dúvidas, principalmente no que se refere ao uso da vírgula. As gramáticas registram diversas regras quanto a isso. No geral, algo meio complicado para quem não tem muito tempo para pesquisar. Uma dessas regras diz que a vírgula deve separar o aposto. Outra complicação porque agora é preciso saber o que é o aposto. O aposto é uma palavra ou expressão que explica, especifica ou resume outro termo da oração. Assim, em frases como Guimarães Rosa, escritor, era diplomata o termo escritor explica o substantivo Guimarães Rosa. Mas é essencial lembrar que o aposto pode aparecer antes do termo a que se refere, como no caso desta manchete de um jornal: “Ex-presidente, Fernando Collor, discursa pela primeira vez no Senado”. Antes de analisar a sentença, é importante distinguir os casos em que o aposto vem entre vírgulas ou não. Usa-se isolado por vírgulas o nome de um detentor de um cargo ou a qualificação de uma pessoa quando só uma pessoa pode ocupar o cargo ou ter determinada qualificação: O escritor chegou acompanhado do filho, José. Sem a vírgula, havia a indicação de que o escritor tem mais de um filho. O presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, afirmou que é contra a redução da maioridade penal. Só há um presidente da República.Quando mais de uma pessoa pode ocupar o cargo ou ter determinada qualificação, não existe vírgula: O deputado Gabeira enviou ontem o relatório. Há mais de um deputado. O ex-presidente da República José Sarney é senador pelo Amapá. Há mais de um ex-presidente da República.Isso posto, a frase “Ex-presidente, Fernando Collor, discursa pela primeira vez no Senado” não tem fundamento, uma vez que Collor não é o único ex-presidente da República. Para ter sentido adequado, as vírgulas devem ser retiradas: Ex-presidente Fernando Collor discursa pela primeira vez no Senado”.
Claro está que o uso das vírgulas requer bem mais que cuidado com a pontuação. É necessário atenção quando se quer comunicar com clareza.
Quando se fala em pontuação, é comum ocorrerem dúvidas, principalmente no que se refere ao uso da vírgula. As gramáticas registram diversas regras quanto a isso. No geral, algo meio complicado para quem não tem muito tempo para pesquisar. Uma dessas regras diz que a vírgula deve separar o aposto. Outra complicação porque agora é preciso saber o que é o aposto. O aposto é uma palavra ou expressão que explica, especifica ou resume outro termo da oração. Assim, em frases como Guimarães Rosa, escritor, era diplomata o termo escritor explica o substantivo Guimarães Rosa. Mas é essencial lembrar que o aposto pode aparecer antes do termo a que se refere, como no caso desta manchete de um jornal: “Ex-presidente, Fernando Collor, discursa pela primeira vez no Senado”. Antes de analisar a sentença, é importante distinguir os casos em que o aposto vem entre vírgulas ou não. Usa-se isolado por vírgulas o nome de um detentor de um cargo ou a qualificação de uma pessoa quando só uma pessoa pode ocupar o cargo ou ter determinada qualificação: O escritor chegou acompanhado do filho, José. Sem a vírgula, havia a indicação de que o escritor tem mais de um filho. O presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, afirmou que é contra a redução da maioridade penal. Só há um presidente da República.Quando mais de uma pessoa pode ocupar o cargo ou ter determinada qualificação, não existe vírgula: O deputado Gabeira enviou ontem o relatório. Há mais de um deputado. O ex-presidente da República José Sarney é senador pelo Amapá. Há mais de um ex-presidente da República.Isso posto, a frase “Ex-presidente, Fernando Collor, discursa pela primeira vez no Senado” não tem fundamento, uma vez que Collor não é o único ex-presidente da República. Para ter sentido adequado, as vírgulas devem ser retiradas: Ex-presidente Fernando Collor discursa pela primeira vez no Senado”.
Claro está que o uso das vírgulas requer bem mais que cuidado com a pontuação. É necessário atenção quando se quer comunicar com clareza.
DICA DE LIVRO:

O USO DA VÍRGULA
Thaís Nicoleti de Camargo

Esta obra comenta e explica as principais regras de uso da vírgula no português moderno do Brasil.
A série Entender o português é constituída de vários volumes de apoio didático que tratam, de maneira prática e simplificada, de alguns dos mais problemáticos assuntos da língua portuguesa em sua norma culta. Escritos por professores e especialistas no ensino da língua, os volumes da coleção preenchem uma lacuna na literatura contemporânea sobre o português e o ato de escrever. Tornam-se, portanto, instrumentos indispensáveis para estudantes de nível médio, vestibulandos e todos aqueles que precisam valorizar os meios expressivos do idioma.Com explicações claras, logicamente organizadas por tópicos e ampliadas por exercícios com respostas a partir de dificuldades progressivas, esta série também permite que o leitor aprenda sozinho, resolva facilmente suas dúvidas e faça consultas sempre que necessário.Neste volume, Uso da Vírgula,Thaís Nicoleti de Camargo, professora e consultora da Folha de S.Paulo, comenta e explica as principais regras de uso da vírgula no português moderno do Brasil, com exemplos e exercícios concretos de uso, tirados de sua experiência no próprio jornal.

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